30 de março de 2007

Sakhalin


Sakhalin é uma ilha no Pacífico Norte, que pertence à Rússia, embora nem sempre tivesse sido assim. Já foi controlada pelo Japão, que proclamou soberania sobre toda a ilha em 1845, e só passou para a Rússia nas Conferências de Yalta, em 1945, curiosamente 100 anos depois.
A ilha, muito montanhosa (a montanha mais alta é Mount Lopatin, com 1609 m), tem 948 km de comprimento e 25 a 170 de largura. A sua geologia ainda está mal estudada. O seu maior rio é o Tym, com 400 km de extensão, cerca de 80 dos quais são navegáveis por pequenos barcos.
A ilha terá actualmente cerca de 600 mil habitantes, dos quais 83% são de etnia russa, seguidos pelos coreanos (5,5%). Os nativos são bastante menos, sendo que existem cerca de 2000 Nivkhs, 750 Oroks, 200 Evenks e alguns Yakuts.
A capital chama-se Yuzhno-Sakhalinsk, uma cidade onde vivem cerca de 200 000 pessoas, com uma larga representação da minoria coreana, tipicamente referidos como coreanos de Sakhalin, que foram levados à força pelos janoneses durante a II Guerra Mundial para trabalhar nas minas de carvão.
Sakhalin é também o local de uma das maiores obras de exploração de petróleo e gaz de sempre. À sua volta há muitas dúvidas, nomeadamente por causa dos perigos ecológicos. Saiba mais:

29 de março de 2007

Da minha língua vê-se o mar.

Uma língua é o lugar donde se vê o Mundo e em que
se traçam os limites do nosso pensar e sentir. Da minha
língua vê-se o mar. Da minha língua ouve-se o seu rumor,
como da de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do
deserto. Por isso a voz do mar foi a da nossa inquietação.

Virgílio Ferreira

~

Começo.

28 de março de 2007

Cartas Para Sakhalin - Diário de Aveiro

Este blog servirá para editar as crónicas que escreverei para o Diário de Aveiro, para saírem à terça-feira. Serão textos sobre temáticas variadas, sobre a vida, uma espécie de - não é magazine - cartas, apesar do formato não o indiciar: cartas para uma pessoa real, um português que se encontra em Sakhalin, para lá da Sibéria.


Serão textos simples, sem grandes pretensões, mas procurando uma abordagem crítica, uma opinião livre, e a explanação de sentimentos, tantas vezes exageradamente esquecidos por quem escreve publicamente. Uma opinião tão fundada quanto possível, mas sem sacralizar nem a ciência nem a técnica, porque há muita vida que cabe na inteligência emocional, na intuição - não abdicarei dela.


Por cá as pessoas parecem ter medo de manifestar a sua opinião: ou porque não gostam de se expor ao contraditório, ou porque julgam que podem ser prejudicadas por ter pensamento próprio (o que muitas vezes é verdade). Vivemos ainda muito no «país-do-respeitinho-queres-saber-mais-có-sô-dotôr?». Reminiscências do tempo da outra senhora.


Há também algumas pessoas que falam de tudo, do que sabem e não sabem - o que só por si é um direito, é bom de ver. O problema é quando falam como se fossem especialistas em todas as matérias (só por si um contra-senso), procurando "catequizar". A esses chamam-lhes "opinion makers" (fazedores de opinião), o que até era bom, não fosse tanto aquela coisa de nos "pentear" e fosse mais uma análise crítica e aberta dos assuntos, com o intuito de nos ajudar a pensar (num mundo global, agredido com informação/desinformação).


Não quero, nem podia, por limitações minhas, ser um "opinion maker", pelo que me contento se, de alguma forma, ainda que numa escala pequena, puder ser um "opinion builder" (construtor de opinião) - mais no sentido de, com quem quiser, ou sozinho, ir construindo ideias e sentimentos.


Digamos que aqui se gosta de escrever (cartas) - um antigo costume que nos parece bem. E não nos pareceu mal que elas fossem abertas a todos.


O primeiro abraço para a Sibéria, para todos.