31 de julho de 2007

Coisas da América (Presidentes)

New Year Greetings to Leaders of the Soviet Union

«Dear Chairman Khrushchev and Chairman Brezhnev:
On behalf of the American people and myself I extend best wishes for the New Year to the Soviet people and to you and your families.
The American people look forward to the coming year with the deepest desire that the cause of peace be advanced. For our part, I assure you that no opportunity will be missed to promote world peace and understanding among all peoples.»
JOHN F. KENNEDY, December 30, 1962

No princípio...

E Deus Criou a Mulher. Um blog de homenagem à beleza. Sem comentários.

30 de julho de 2007

27 de julho de 2007

Um mar de cor

Há pessoas que são a nossa vida. Elas são um cintilante brilho nos olhos, um arrepio de frio e um aperto no coração se não estão bem, um calor na alma quando nos tocam com as suas palavras, com um gesto, um olhar. São pessoas sem as quais não podemos viver, não podemos ser. Hoje é um dia especial, porque há uns anos atrás eu, e mais algumas pessoas, esperávamos com ansiedade a sua chegada. E é um dia especial porque ela surpreendeu-nos a todos, tornando-se numa pessoa adorável.

26 de julho de 2007

Telegrama para Sakhalin

O meu amigo Luís Reis, sempre atento a estas coisas da Biologia e da Natureza, entre outras, enviou-me um aviso para retransmitir para Sakhalin, especialmente ao Renato Costa, que é da casa. Com o devido agradecimento ao Luís, aqui vai o telegrama:
«Tubarão branco capturado em águas geladas da Rússia Um tubarão branco, espécie habitualmente encontrada em águas tropicais e temperadas, foi capturado por pescadores russos perto da ilha de Sakhalin, no extremo leste da Rússia, onde o mar congela no Inverno.
O animal, de mais de cinco metros de comprimento e quase uma tonelada, ficou preso numa rede de pesca perto do Golfo de Aniva, no sul da ilha, afirmou à agência oficial russa Itar-Tass Anatoli Velikanov, especialista do Instituto de Ictiologia e Oceanografia.
Velikanov acrescentou que se trata de uma descoberta excepcional para a ciência, mas também representa um sério risco para a população de Sakhalin, que no Verão costuma frequentar as praias da ilha.
Com 960 km de comprimento e rica em hidrocarbonetos, a ilha de Sakhalin tem importância ecológica porque nos seus rios desovam muitas variedades de salmonídeos. O local também é habitat das baleias cinzentas.» (in Diário Digital)

Espaço público e media

O blog do New York Times, a seguir as inovações, nomeadamente do My Times. Paradigma da individualização no máximo da velocidade, mas também uma mudança dos media, mais abertos à auscultação dos leitores, numa relação, cada vez mais, de todos para todos. De um paradigma informativo de um para todos, passamos para um novo modelo de todos produzem informação para todos. Falarei mais sobre isso.

Boas notícias?? Ou cosmética?

Muçulmanos apoiam cada vez menos os atentados suicidas. in DN

Fotografias do Mundo

Blogs com belas imagens desse mundo largo:

Buenos Aires (Gardel, Eva Peron e Maradona)

(buenus aires daily)

Sarkozy

Sarkozy, se mantiver a tendência, há-de transformar-se num furacão político. Se mantiver a consistência, também. Sarkozy há-de surpreender, parece surpreender. E logo fazendo, agindo, nos campos em que todos os seus adversários "ideológicos" consideram suas coutadas privadas (curioso). Se Sarkozy estiver a ser genuino nos seus sentimentos, a França pode mudar e vir a ser uma peça fundamental de uma nova Europa. Nascerá, lentamente, uma nova ideia.
A sua acção prática, metendo pés ao caminho em questões que muitos políticos consideram menores, deixando-as para os "serviços", como é o caso das enfermeiras e outros, revela uma nova atitude. O tipo dá cara, chega-se à frente, como se diz na minha terra. Isso faz muita diferença, acreditem. Para os franceses, assim como para outros, na altura em que estamos, valerá mais esse "humanismo", o respeito pelas pessoas, pelos cidadãos, pela liberdade, pela responsabilidade, mas também a valorização da iniciativa, do trabalho, do esforço, do que mil teorias sobre a facilidade.

A política

A política é feita de ideias para construir. Há muitos teóricos da coisa sem ideia nenhuma sobre como fazer. Há muitos práticos da coisa sem ideia nenhuma sobre a teoria. Para onde vamos?

Boa Noite

o sol deita-se

o sol deita-se lentamente
sobre as árvores e as pessoas
numa carícia antiga.
e as arvores e as pessoas deixam-se
dormitar,
embalam-se no calor das vozes
ao longe.

e na luz que se quebra.

silvia chueire

Trabalho, doloroso trabalho

Estar a estas horas a trabalhar, sobretudo depois de um dia inteiro colado a uma cadeira e a um monitor de computador, é duro. Mas é assim, confiar no trabalho ou na sorte. E a sorte, como alguém dizia, dá muito trabalho. Estamos então perante um beco sem saída. Que chatice!

24 de julho de 2007

Cartas Para Sakhalin - Diário de Aveiro (012)

Elogio da mediocridade

Acabo de receber uma mensagem e-mail de uma amiga que serve de base a este texto. Ainda há uns dias falava com ela sobre o assunto e, apesar de sermos pessoas optimistas, não pudemos evitar que alguma tristeza se abatesse sobre o nosso ânimo.
Claro que não somos pessoas de começar a dizer que isto está tudo mal e que só em Portugal é que certas coisas se passam, mas também não somos alegres tontos ou cínicos para não perceber que cá temos as nossas particularidades quanto à mediocridade.
Conta-se, e para o caso pouco interessa se é exacto, que Winston Churchill, depois de fazer o seu primeiro discurso na Câmara dos Comuns, foi perguntar a um velho deputado, amigo de seu pai, o que tinha achado da sua performance naquela assembleia de homens notáveis. Um comportamento – querermos saber se nos saímos bem – que, desde logo, é exageradamente recriminado entre nós, como sendo um excesso de vaidade ou ambição. O povo tem ditados para essa inveja, que não é exclusivamente portuguesa, “mas com o mal dos outros, podemos nós bem”. Pela higiene, eu prefiro este, com as devidas adaptações: “Não se pode ver uma camisa lavada a um pobre”.
O velho parlamentar disse então a Churchill, para não perdermos o fio da meada à nossa estória: «Meu caro jovem, você cometeu um grande erro. Não devia ter sido tão brilhante logo no seu primeiro discurso. Isso é imperdoável! Devia ter simulado tosse, gaguejado, mostrado nervosismo. Assim, conseguiu pelo menos uns trinta inimigos só de uma assentada. O talento assusta.»
Não vou agora tirar conclusões que todos já terão tirado. O sistema, apesar de tudo, permitiu que Churchill fosse um grande estadista, brilhasse e desse um importante contributo ao mundo numa época tão dura como foi a segunda grande guerra. Foi ele eleito para primeiro-ministro prometendo “sangue, suor e lágrimas”!
Imaginem, no entanto, o que se passaria no nosso parlamento. Para quem já assistiu a sessões nas duas câmaras, as diferenças são óbvias. E não ficamos nada a ganhar, não senhor. E depois dizem-nos que as pessoas não ligam nenhuma, não vão votar.
Os mais atentos estarão cansados de ver no parlamento, com as devidas e raras excepções, demasiados jovens gagos e “velhos marretas”, recostados no silêncio cómodo das altas bancadas, aprendendo antes a feitiçaria de contar espingardas e multiplicar votos, a geografia do caminho mais fácil entre dois pontos fulcrais: a eleição que já está e a que há-de vir.
Uma coisa que se começa a aprender em pequenino. O exemplo, como se sabe, é tudo. Em casa, na televisão, na rua, na escola. O esforço do trabalho árduo para atingir objectivos, de ir mais além fazendo uso das capacidades e da aprendizagem humilde, ganhando o direito ao reconhecimento, o gosto em brilhar – sem querer ofuscar ninguém -, não são nosso apanágio. Não gostamos muito quando o colega de carteira sobressai. Nivela-se por baixo. É uma cultura. Uma cultura sem culpados, porque, na verdade, todos o somos um pouco. Há mesmo professores, bem ao contrário dos anglo-saxónicos, que não se coibirão de apelidar de imbecil aquele que levantar o braço para responder e não acertar – este, em vez de ir para casa estudar, motivado, nunca mais quererá falar. Deja vu?
Estimular a inteligência será antes respeitar o esforço, corrigir com respeito pela tentativa, ser-se justo, apontar o caminho: trabalho, dedicação, humildade e não uma sorte qualquer, ser engraçadinho, copiar ou lamber botas.
Nós reprimimos quem quer brilhar pelo trabalho e fazemos, amiúde, o elogio do “chico-espertismo”. Assim, corremos o risco de promover a escuridão.
Bons dias de sol.

Dinossauro ou mamute?

O Gil manda-nos esta fotografia de Sakhalin, com a dúvida sobre a origem do fóssil que segura nas mãos. «Depois do degelo as surpresas sao enormes nesta ilha, fica contudo a duvida sobre este fossil.»
O pior é se apanhas algum vivo. Abraço.

23 de julho de 2007

Cartas Para Sakhalin - Diário de Aveiro (012)

Amanhã sairá a 12ª crónica no Diário de Aveiro. O tempo anda curto para escritas, mas vamos fazendo o esforço, porque vale a pena. Fica aqui um cheirinho:
Elogio da mediocridade

Acabo de receber uma mensagem e-mail de uma amiga que serve de base a este texto. Ainda há uns dias falava com ela sobre o assunto e, apesar de sermos pessoas optimistas, não pudemos evitar que alguma tristeza se abatesse sobre o nosso ânimo.
Claro que não somos pessoas de começar a dizer que isto está tudo mal e que só em Portugal é que certas coisas se passam, mas também não somos alegres tontos ou cínicos para não perceber que cá temos as nossas particularidades quanto à mediocridade.
(continua)

Orelhudos

Digam lá se não são bonitos estes bonecos:

Há mais aqui, no Cor de Mar.

19 de julho de 2007

Blogosfera enriquecida

Fica blogosfera mais reica com a entrada do professor José Manuel Moreira para o Portugal Contemporâneo. O debate público sairá beneficiado. A boa disposição e humor de grande qualidade a que o professor já habituou os que o conhecem tornarão bem mais interessante este espaço público. A acompanhar atentamente.

18 de julho de 2007

Cartas Para Sakhalin - Diário de Aveiro (011)

Aniversário do Diário de Aveiro

O jornal Diário de Aveiro comemorou no dia 19 de Junho mais um aniversário, facto que merece destaque pelo contributo que tem prestado à cidade e à região na construção de uma sociedade mais informada e, por isso, de pessoas mais capacitadas para a participação no espaço público, exercendo uma cidadania que, sem ele, estaria muito diminuída.
Permitindo o exercício livre da opinião, com um número de colaboradores que tem vindo a aumentar, torna-se ele próprio numa praça pública de debate das questões que a todos nos dizem respeito. Nem a classe política local foge a esse exercício da democracia e o Diário oferece-lhes um palco privilegiado de interessantes disputas retóricas, por vezes transformadas em drama, outras em comédia – nada de anormal e nada da sua responsabilidade.
O jornal acaba por ser um espelho da nossa realidade social, cultural e política, mostrando aquilo que temos de melhor, de pior e assim-assim.
O que é bastante positivo é que pode ser instrumento de melhoria das nossas capacidades individuais e colectivas, pois dá-nos essa chance valiosa de partilharmos, além da informação, experiências, viagens, ideias, ideais e conhecimento, ganhando uma valência também formativa e educativa. Quanto mais colaboradores tiver, melhor. Já disse algumas vezes a conhecidos que criticavam o jornal ou seus colaboradores que se propusessem a escrever. Julgo que alguns deles, e outros que não conheço, personalidades da terra, gente das mais variadas e destacadas áreas profissionais, seriam um contributo importante a que o jornal não fecharia a porta.
Se ele permite às pessoas com cargos e responsabilidades políticas um canal comunicativo com as gentes, torna igualmente possível que os cidadãos exerçam essa pressão vigilante, imprescindível, sobre o poder.
Sabendo da dificuldade que é manter um projecto de comunicação social local, sobretudo em tempos de carência económica, devemos valorizar o esforço de todos quantos continuam a acreditar nele e a procurar melhorá-lo como instrumento imprescindível da liberdade de expressão e do direito à informação.
Permito-me usar este espaço para enviar esta palavra simples de elogio aos jornalistas e outros profissionais que o produzem dia após dia, traduzido num abraço ao seu director-adjunto, responsável pela edição, Ivan Silva. Gostava de sublinhar estas palavras num cumprimento especial ao seu fundador e director, Adriano Callé Lucas, e demais familiares, que procuram manter e reforçar este projecto de comunicação social independente e livre.
Nós, enquanto cidadãos que dele beneficiam, devemos dedicar-lhe o apoio que nos for possível. Todos ganharemos com o seu fortalecimento.
Parabéns Diário de Aveiro.

Professores e juntas médicas da CGA

As críticas que se foram fazendo ouvir, e também aqui fizemos, sobre a forma como a Caixa Geral de Aposentações tratou alguns professores que foram obrigados a trabalhar em circunstâncias muito difíceis (cancro) parecem estar a dar alguns frutos. O primeiro-ministro já disse que se sentia chocado e que ia mandar fazer uma auditoria às juntas médicas da CGA e ia promover a alteração da lei. Mais um exemplo de que a pressão dos media pode ajudar a resolver problemas concretos da nossa sociedade. Esperemos que o exemplo seja tomado em consideração de forma transversal, mas sobretudo que mudem as mentalidades das pessoas cujo trabalho é lidar com seres humanos, sobretudo quando se trata da sua saúde, da sua dignidade, porque esta é uma área em que não se pode brincar.

17 de julho de 2007

Fotografias de Timor

Xanana Gusmão, Alexandre Gusmão e Ângelo Ferreira
Restaurante Casa Queimada, Díli, Julho de 2001

Esta fotografia é apenas parte de uma maior a que não tenho acesso onde estou. Na original estão mais umas pessoas que não posso deixar de referir: Profs. Carlos Couto (UM), Gabriel David (UP), Tomaz Dentinho (UAçores) e Francisco Diniz (UTAD).
Estávamos em missão em Timor, de uma semana, para organizar o projecto de cooperação de ensino superior. Nessa noite, fomos jantar à Casa Queimada onde, por acaso, Xanana jantava acompanhado da mulher e amigos. Como eu já conhecia o comandante, as pessoas pediram-me que lhe falasse para tirarmos uma fotografia com ele. Foi um momento muito agradável e animado de convívio.
Esta viagem seria muito marcante para mim. Especialmente no dia em que, de madrugada, saindo cedo do hotel, ainda a umas horas dos conmpromissos marcados pela Embaixada, vagueei pelas ruas de Díli ali próximas. Não conhecia nada e, portanto, ia à descoberta, procurando não me perder. Amanhecia e havia no ar aquele nevoeiro característico de Díli, que lhe dá um certo misticismo tropical, se juntarmos o calor permanente e os cheiros exóticos no ar.
Correndo atrás do cheiro das goiabas, fui dar a uma rua larga e muito comprida, que atravessava, ladeada por bananeiras, um bairro de casas humildes, a maioria destruídas (nos incidentes de 1999), outras construídas em chapa de zinco, mais recentes. A natureza era exuberante e abatia-se sobre mim com tal vigor que compensava em dobro, com a sua beleza, o aflitivo calor que se sentia, a sede crescente e o corpo suado, pegajoso. À medida que me embrenhava naquele verdejante e aromático percurso, começava a ficar mais nítido o cenário de fundo: a bela montanha que serve de guarda-costas a Díli.
Avancei por essa avenida, cumprimentando as simpáticas pessoas que ia encontrando e queriam conversar em português. Falámos de Portugal, Timor, das escola antiga, dos rios, das minas e dos apeadeiros da linha do norte em Portugal Continental, do Portugal do Minho a Timor, como antes se dizia e aprendia. Conversas surreais, muito divertidas, muito ilustrativas daquilo que se passou e passa em Timor.
Levei mais de uma hora a fazer cerca de trezentos, quatrocentos metros. A certa altura dou de caras com um muro alto do lado esquerdo, identifico um cemitério e, quando chego ao portão de entrada, quase desmaio. Estava à porta do cemitério de Santa Cruz! Quase dez anos depois das imagens que revoltaram meio mundo - sim, porque houve quem nunca se importasse -, eu estava ali, sem saber como, por coincidência feliz, eu estava ali. E reconheci imediatamente a capela ao fundo, mal se entra. Recordava bem aquelas imagens que me tinham levado a envolver-me, ainda que humildemente, na Causa Timorense. Aquelas campas por entre as quais as pessoas caíam, gritavam, eram atingidas pelas metralhas indonésias. E a capela, onde se via gente a rezar em português, um estudante baleado deitado no chão (Levy Coutinho, que veio a sobreviver e mais veio estudar para Coimbra), amparado por um colega. As imagens que Max Sthal fez e ajudaram a construir um caminho, um caminho para a liberdade.
Esse mesmo caminho que me levou a Timor, seguindo as pegadas da sorte e, talvez, de algo mágico, como o aroma da goiaba.

Fotografias do Porto

Casa da Música, Porto
(fotografia de Ângelo E. Ferreira'2007)

Aborto

Parece-me que nada do que se imaginava será. Nem a lei será, nem a aplicação será, nem a prática será. O Estado quer reduzir para 55 por dia. Reduzir de quantos para 55? Qual é o ponto de partida? Então a lei não começava a ser aplicada ontem?
"Prevenir uma gravidez indesejada é tão importante como prevenir a obesidade ou o aumento do colesterol. É um acto de lucidez, de responsabilidade e de cidadania. É um hábito de vida saudável", defendeu Francisco George. O director-geral de Saúde não tem dúvidas a prevenção é crucial e o planeamento familiar terá de ser totalmente enraizado pelos cidadãos. Não só mulheres mas também homens. Por isso, os centros de saúde não podem ter falhas nos stocks de contraceptivos. "Prevenir uma gravidez indesejada é tão importante como prevenir a obesidade ou o aumento do colesterol. É um acto de lucidez, de responsabilidade e de cidadania. É um hábito de vida saudável", defendeu Francisco George. O director-geral de Saúde não tem dúvidas a prevenção é crucial e o planeamento familiar terá de ser totalmente enraizado pelos cidadãos. Não só mulheres mas também homens. Por isso, os centros de saúde não podem ter falhas nos stocks de contraceptivos. (in JN)
E para completar o ramalhete, a propósito dos clínicos que podem negar-se a fazê-lo nos hospitais públicos para o irem fazer nas clínicas privadas, diz o coordenador do programa nacional de saúde reprodutiva:
«Perdoem-me se posso ser benévolo na minha análise mas acredito que os portugueses ainda são sérios. Não se pode duvidar tanto", invocou Jorge Branco que apelou à Imprensa para ajudar o Estado a detectar os possíveis violadores "Ajudem-nos a ficar atentos".»
Que é mais ou menos o mesmo que dizer: façam queixinha, façam queixinha, que eu gosto.
E eu deixo a pergunta: desta forma, como é que estará Portugal de Saúde Reprodutiva da parvoíce?
(leia mais no Público)

10 de julho de 2007

Cartas Para Sakhalin - Diário de Aveiro (010)

Mural em Manatuto, Timor-Leste
(Fotografia de Almeida Serra)
Hau hakerek surat ida

O dia 30 de Agosto de 1999 ficaria para sempre na história de Timor – eu diria da Humanidade – como símbolo de esperança e liberdade, como lição de luta e determinação. Um pequeno povo no sudeste-asiático (menos de um milhão), anos a fio abandonado pelo “realismo político” internacional, conseguia mediatizar a sua Causa e libertar-se, em referendo patrocinado pelas Nações Unidas, do jugo de uma superpotência militarista (com cerca de 200 milhões de habitantes).
Foram muitos os factores que tornaram possível o “milagre” da sobrevivência a um regime sangrento, que começou com a violenta invasão a 7 de Dezembro de 1975, quando Portugal procurava colocar um ponto final a um período colonial de quase 500 anos.
Foi todo um povo que soube resistir, sofrendo, tantas vezes silenciado, o dramático peso da espada da tortura física e psicológica. Foi a determinação de uma pequena guerrilha, mal armada, mas que, fruto de fortes lideranças – entre as quais a do Comandante Xanana Gusmão –, soube manter um nível mínimo de organização e cultura táctica, uma relação activa com a componente política da resistência e uma visão actualizada do mundo, permitindo-lhe o devido ajustamento das acções.
Foi uma resistência clandestina baseada em vidas duplas, para distrair e relaxar o inimigo, enquanto, na penumbra da noite cerrada, jovens estafetas subiam a montanha a pé com as informações surripiadas ou compradas com suborno, sustentando um quase mágico sistema de comunicações, que permitia igualmente fazer sair do território a denúncia dos atropelos constantes aos direitos humanos. Foi uma igreja católica que soube dar guarida ao enorme sofrimento, edificando-se como referência moral de civilidade e paz, fomentando a educação – das escolas da igreja sairiam alguns dos melhores líderes timorenses –, o respeito pela pessoa humana, denunciando ao mundo aquele inferno e, em gestos algo inéditos, apoiando mesmo os esforços da guerrilha. Alguns dos seus padres foram determinantes nesta matéria, quer ajudando nas comunicações, quer com apoio alimentar e logístico.
Foi uma diáspora que se foi agigantando – liderada em grande medida por Ramos Horta – e construiu um brilhante trabalho de relações internacionais, colocando na agenda internacional a questão de Timor, coligindo solidariedades.
Foram países e povos amigos, pessoas anónimas que juntaram a sua voz ao choro, às orações e aos cânticos das mães timorenses que viram morrer os seus filhos no Massacre de Santa Cruz em 1991 – um coro que se viria a tornar ensurdecedor. Quando nesse ano o mundo acordou para o problema de Timor, assistindo aterrorizado às imagens da matança que o exército indonésio perpetrou sobre jovens indefesos no cemitério de Santa Cruz, em Díli, recolhidas pelo jornalista Max Sthal, começava uma reviravolta na luta pela independência, cimentada por acontecimentos mediáticos posteriores, como a prisão de Xanana, a visita do Papa João Paulo II e, mais tarde, pela atribuição do Prémio Nobel da Paz 1996 a D. Carlos Ximenes Belo e a Ramos Horta.
Em Aveiro, creio que em Dezembro, um grupo de jovens estudantes universitários, ao qual eu tive o privilégio de pertencer, manifestava a sua solidariedade pelas vítimas e exigia a saída urgente e incondicional da Indonésia, contribuindo para lançar as raízes de um duradouro movimento que envolveria professores, estudantes e cidadãos aveirenses e colocaria a cidade e a universidade de pedra e cal na Causa Timorense. Mais tarde, quando fui presidente da Associação Académica, tive a oportunidade feliz de poder envolvê-la nesta difícil luta pela liberdade de Timor. As nossas iniciativas, das quais destaco as visitas de D. Ximenes a Aveiro (1997 e 1998, esta última para lançar a Campanha de Bolsas para Timor), foram, apesar de humildes, um contributo empenhado para aquele dia de emocionante felicidade que foi o 20 de Maio de 2002, quando, sob os auspícios da ONU, a bandeira de Timor-Leste independente subia o mastro mais alto do mundo para assinalar a vitória da liberdade.
Um conjunto de coincidências felizes, e o convite honroso dos professores Júlio Pedrosa e Renato Araújo, à época com funções de decisão no meio universitário português, e empenhados desde longa data na Causa, levaram-me a Timor-Leste em trabalho, no já distante ano de 2001, como representante da Fundação das Universidades Portuguesas (FUP) e coordenador local da implementação de cursos de ensino superior em língua portuguesa, projecto integralmente financiado pelo Estado português e liderado pela FUP.
No dia 11 de Novembro de 2001, quando assistia no Cemitério de Santa Cruz às cerimónias do 10º aniversário do Massacre, dei por mim a reviver emocionado todo aquele trajecto – uns anos antes apenas um sonho, para alguns improvável, para muitos impossível –, que me provava que vale a pena acreditar em valores e causas, por mais difíceis que sejam, por mais que nos digam que não vale a pena. E gravei para sempre, no meio daquela multidão de resistentes e vítimas, ao lado daquele povo heróico, a certeza de que o ser humano é capaz de grandes feitos quando neles se empenha de alma e coração.
Neste período sensível e crítico para os timorenses, depois das suas decisivas eleições, hau hakerek surat ida (escrevo esta carta) para lhes pedir o mesmo empenho, na construção do desenvolvimento e da paz, que colocaram na tarefa “impossível” da liberdade. Vocês provaram que são capazes. Nós agradecemos mais uma lição.



Para saber mais sobre Timor, ler: os livros do excelente escritor timorense Luís Cardoso (D. Quixote), dos quais destaco, para este efeito, Crónica de Uma Travessia; Autodeterminação em Timor Leste, de Ian Martin (Quetzal); Paisagens Timorenses com vultos, de Ruy Cinatti (Relógio d’Água); Funo, de Cal Brandão (AOV); As Flores Nascem na Prisão, de Adelino Gomes (Notícias).

4 anos a blogar

4 anos a blogar já é idade para ter juízo. Este blog, na verdade, é herdeiro dos antigos Purprazer/Pantalassa (início em Julho de 2003), Lusofonia e Pantalassa. Agora um pouco adormecido, é verdade, mas asseguro-vos que isto voltará a bombar. Já não falta muito, apenas acabar uns compromissos que roubam muito tempo.

9 de julho de 2007

Domingo triste

Faleceu o Professor James Taylor, docente na Secção Autónoma de Ciências Sociais, Jurídicas e Políticas da Universidade de Aveiro.
O professor Taylor foi meu professor na disciplina de Gestão de Pessoas, Mudança e Inovação no Mestrado em Gestão Pública e marcou-me pela qualidade das suas intervenções, pela profundidade do seu pensamento, pela firmeza do seu conhecimento, pela sua simpatia. Marcou-me sobretudo pelo seu rigor e exigência, também no que diz respeito ao cumprimento de prazos e horários - um costume que não temos muito. Marcou-me pela forma como tratava os alunos, não como se fossem estúpidos ou burros, mas como se fossem muito inteligentes, exigindo deles o melhor - outro hábito que não temos muito.
O professor James Taylor dizia que «in the United States you could call me Jim». Assinava as suas mensagens - orientadoras, exigentes, mas muito simpáticas e com sentido de humor - como Professor T, assinalando esta sua simplicidade e, ao mesmo tempo, a sua grande humanidade.
A sua partida deixou-me muito triste, pois tinha desenvolvido pelo professor um afecto e uma admiração fortes. Ficámos todos mais pobres na Universidade.
Caro professor, um abraço.

6 de julho de 2007

Frida Kahlo: 100 anos

Frida Kahlo (Nickolas Muray), aqui
Hoje faria 100 anos a pintora Frida Kahlo, cuja "casa azul" pude visitar há uns meses atrás, para reforçar o fascínio pela sua obra, pela sua vida. Recordar as pessoas que, de alguma forma, nos marcam a existência, é uma obrigação da memória, um gesto de gratidão, uma alegria da alma.

5 de julho de 2007

Dizer mal do governo... só em privado

Visita de D. Ximenes Belo à Universidade de Aveiro

Ângelo Ferreira, D. Carlos, Prof. Júlio Pedrosa, D. António, Miguel Oliveira
(Fotografia de Artur Lopes in SInBAD)
.
«Vista parcial da conferência subordinada ao tema a "Acção da Igreja em Timor Leste, Formação e Sensibilização da Juventude para a Defesa dos Direitos Humanos", em 18 de Maio de 1998. Em primeiro plano, da esquerda para a direita, destacam-se o Presidente da Associação Académica, Ângelo Ferreira, o Bispo de Dili, D. Ximenes Belo, o Reitor da Universidade de Aveiro, Prof. Júlio Domingos Pedrosa da Luz de Jesus e o Bispo de Aveiro, D. António Marcelino.» in SInBAD

Eleições em Timor-Leste

Eleições em Timor-Leste: boas notícias que podem ser más. A ver vamos.
*

A Fretilin venceu as eleições legislativas em Timor-Leste com 29 por cento dos votos, numa altura em que já estão contabilizados todos os resultados, soube o PUBLICO.PT. Apesar da vitória, o partido no poder perde a maioria absoluta.
Quando já estão escrutinados todos os resultados — esperando-se apenas o seu anúncio oficial —, a Fretilin obteve 29 por cento, o CNRT 24,1, a coligação ASDT/PSD 15,8 e o PD 11,3 por cento.O partido de Mari Alkatiri teve quase menos 50 por cento dos resultados obtidos nas últimas legislativas, não podendo, por isso, formar Governo sozinho. O Presidente José Ramos-Horta já veio a público defender um Governo de "grande inclusão" face a estes resultados, que não permitem a nenhum partido governar sozinho.O convite à personalidade que irá formar um novo Governo vai depender, "em grande parte", da sua avaliação da situação e de que "um ou outro pode garantir estabilidade governamental". O Presidente acrescentou que não lhe interessa "que se forme Governo para, um mês ou dois meses depois, ser rejeitado". E concluiu: "O ideal seria que os partidos grandes todos se entendam e — por que não? — como irmãos, como timorenses, como patriotas, saia um Governo que eu chamo de grande inclusão".

4 de julho de 2007

Hoje em Aveiro

Para uma cidadania rodoviária*, 21 horas, CUFC
c/ Antero Luís Reto, Presidente do ISCTE - Lisboa
Moderação: Jorge Arroteia, Universidade de Aveiro

(*) Baseado em estudos elaborados pelo ISCTE/INDEG, parceria com Direcção Geral de Viação.

O CUFC fica em frente ao Departamento de Ambiente e Ordenamento da UA, sito nos terrenos do Seminário de Santa Joana, próximo do Hospital de Aveiro

Liberdade de imprensa

A coisa está a mexer, o que me deixa muito satisfeito.
Petição pela Liberdade de Imprensa:

Movimento Informação é Liberdade
«O grupo de jornalistas abaixo assinados constatando que se encontra em marcha o mais violento ataque à liberdade de Imprensa em 33 anos de democracia, decidiu juntar a sua voz à de todos os cidadãos e entidades que se têm pronunciado sobre a matéria e manifestam publicamente o seu repúdio por todo o edifício jurídico aprovado pela Assembleia da República.»

Cartas Para Sakhalin - Diário de Aveiro (10)

Mural em Manatuto, Timor
(Fotografia do Prof. Almeida Serra)
Hau hakerek surat ida

O dia 30 de Agosto de 1999 ficaria para sempre na história de Timor – eu diria da Humanidade – como símbolo de esperança e liberdade, como lição de luta e determinação. Um pequeno povo no sudeste-asiático (menos de um milhão), anos a fio abandonado pelo “realismo político” internacional, conseguia mediatizar a sua Causa e libertar-se, em referendo patrocinado pelas Nações Unidas, do jugo de uma superpotência militarista (com cerca de 200 milhões de habitantes).
(Continua * a sair no Diário de Aveiro)

2 de julho de 2007

A caixa de correio em Sakhalin

Caixa de correio, Sakhalin
(Fotografia de Renato Costa'2007)
Uma destas caixas de correio, em Sakhalin, recebe as cartas que daqui se vão escrevendo. Como se pode ver pela imagem, gentilmente enviada, hoje mesmo, pelo Renato Costa, Sakhalin é um lugar muito peculiar. Para o Gil (Renato Gilberto), um abraço telegráfico.

ИИСЪМА НА САХАЛИН

Para evitar confusões com a Shakira, fica claro que este blogue se chama:

ИИСЪМА НА САХАЛИН

Um bom dia, uma boa semana.