28 de março de 2007

Cartas Para Sakhalin - Diário de Aveiro

Este blog servirá para editar as crónicas que escreverei para o Diário de Aveiro, para saírem à terça-feira. Serão textos sobre temáticas variadas, sobre a vida, uma espécie de - não é magazine - cartas, apesar do formato não o indiciar: cartas para uma pessoa real, um português que se encontra em Sakhalin, para lá da Sibéria.


Serão textos simples, sem grandes pretensões, mas procurando uma abordagem crítica, uma opinião livre, e a explanação de sentimentos, tantas vezes exageradamente esquecidos por quem escreve publicamente. Uma opinião tão fundada quanto possível, mas sem sacralizar nem a ciência nem a técnica, porque há muita vida que cabe na inteligência emocional, na intuição - não abdicarei dela.


Por cá as pessoas parecem ter medo de manifestar a sua opinião: ou porque não gostam de se expor ao contraditório, ou porque julgam que podem ser prejudicadas por ter pensamento próprio (o que muitas vezes é verdade). Vivemos ainda muito no «país-do-respeitinho-queres-saber-mais-có-sô-dotôr?». Reminiscências do tempo da outra senhora.


Há também algumas pessoas que falam de tudo, do que sabem e não sabem - o que só por si é um direito, é bom de ver. O problema é quando falam como se fossem especialistas em todas as matérias (só por si um contra-senso), procurando "catequizar". A esses chamam-lhes "opinion makers" (fazedores de opinião), o que até era bom, não fosse tanto aquela coisa de nos "pentear" e fosse mais uma análise crítica e aberta dos assuntos, com o intuito de nos ajudar a pensar (num mundo global, agredido com informação/desinformação).


Não quero, nem podia, por limitações minhas, ser um "opinion maker", pelo que me contento se, de alguma forma, ainda que numa escala pequena, puder ser um "opinion builder" (construtor de opinião) - mais no sentido de, com quem quiser, ou sozinho, ir construindo ideias e sentimentos.


Digamos que aqui se gosta de escrever (cartas) - um antigo costume que nos parece bem. E não nos pareceu mal que elas fossem abertas a todos.


O primeiro abraço para a Sibéria, para todos.

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