A Ciência terá limites?
.
1. Esta é uma pergunta retórica. Claro que a ciência, como tudo quanto é a percepção humana sobre a realidade, tem alcances e tem limites. Este é o título (“A Ciência terá limites?”) de conferência internacional que nestes dias (25 e 26 de Outubro) decorre na Fundação Calouste Gulbenkian (http://www.gulbenkian.pt/) e que conta com a presença de múltiplos especialistas de referência. Mas será um erro considerar-se que estas questões unicamente interessam aos especialistas e cientistas…
2. Tanto os esforços de divulgação científica merecem uma atenção dos cidadãos a estas questões, como o facto de que aquilo que se vai investigando vir a ter impactos decisivos na nossa vida diária (seja à distância de uma década) deverá sensibilizar todos (“qb”) para estas questões. Que o diga a história da Revolução Científica do séc. XVI-XVII, com os seus impactos na transformação de paradigmas (dos modos) sociais e pessoais de viver. Hoje será a revolução genética e comunicacional que nos está a transformar, a ponto de termos que REVER (quase) TUDO.
3. Felizmente que já ultrapassámos os tempos da surdez científica; felizmente que, hoje, a conjugação de esforços em diálogo de ciências torna todos mais comprometidos. Mas o desafio ético (da dignidade humana) apresentar-se-á como o eixo de equilíbrio, dando os pilares tanto dos alcances como das fronteiras da própria ciência. Já lá vão os tempos (?) tanto dos endeusamentos científicos como de pretensões unilaterais do tratamento das questões e da procura da verdade.
4. Os limites estão aí, todos os dias, a desafiar toda a proclamada sociedade do conhecimento. Numa ciência que saiba (sempre mais e melhor) dialogar com a realidade concreta, dir-se-á que os limites da ciência pairam nos limites da própria humanidade; mas não só, também os limites das culturas, das políticas, das religiões, das filosofias: enquanto a fome, a sede, a violência, o desequilíbrio ambiental, os esvaziamentos da DIGNIDADE HUMANA persistirem, os limites gritam e apelam a todas as formas de conhecimento para as resoluções inadiáveis.
5. Um dos nomes de referência convidados à conferência é George Steiner, que, partilhando dos limites da ciência, exemplifica dizendo que «não há nenhum instrumentos de observação, por mais sofisticado que seja que nos permita prosseguir para lá das “paredes douradas” externas ou internas do nosso possível universo local. […] O Concorde foi uma maravilha aerodinâmica, tecnológica. Não há qualquer intenção de o fazer voar.» Os dados estão aí. A viagem HUMANA, diferente, continua. Seja ela capaz de integrar todas as formas (humildes) de conhecimento ao serviço da sua própria dignidade. No reconhecimento dos limites estará, também, a ponte de aprendizagem dialogal.
1. Esta é uma pergunta retórica. Claro que a ciência, como tudo quanto é a percepção humana sobre a realidade, tem alcances e tem limites. Este é o título (“A Ciência terá limites?”) de conferência internacional que nestes dias (25 e 26 de Outubro) decorre na Fundação Calouste Gulbenkian (http://www.gulbenkian.pt/) e que conta com a presença de múltiplos especialistas de referência. Mas será um erro considerar-se que estas questões unicamente interessam aos especialistas e cientistas…
2. Tanto os esforços de divulgação científica merecem uma atenção dos cidadãos a estas questões, como o facto de que aquilo que se vai investigando vir a ter impactos decisivos na nossa vida diária (seja à distância de uma década) deverá sensibilizar todos (“qb”) para estas questões. Que o diga a história da Revolução Científica do séc. XVI-XVII, com os seus impactos na transformação de paradigmas (dos modos) sociais e pessoais de viver. Hoje será a revolução genética e comunicacional que nos está a transformar, a ponto de termos que REVER (quase) TUDO.
3. Felizmente que já ultrapassámos os tempos da surdez científica; felizmente que, hoje, a conjugação de esforços em diálogo de ciências torna todos mais comprometidos. Mas o desafio ético (da dignidade humana) apresentar-se-á como o eixo de equilíbrio, dando os pilares tanto dos alcances como das fronteiras da própria ciência. Já lá vão os tempos (?) tanto dos endeusamentos científicos como de pretensões unilaterais do tratamento das questões e da procura da verdade.
4. Os limites estão aí, todos os dias, a desafiar toda a proclamada sociedade do conhecimento. Numa ciência que saiba (sempre mais e melhor) dialogar com a realidade concreta, dir-se-á que os limites da ciência pairam nos limites da própria humanidade; mas não só, também os limites das culturas, das políticas, das religiões, das filosofias: enquanto a fome, a sede, a violência, o desequilíbrio ambiental, os esvaziamentos da DIGNIDADE HUMANA persistirem, os limites gritam e apelam a todas as formas de conhecimento para as resoluções inadiáveis.
5. Um dos nomes de referência convidados à conferência é George Steiner, que, partilhando dos limites da ciência, exemplifica dizendo que «não há nenhum instrumentos de observação, por mais sofisticado que seja que nos permita prosseguir para lá das “paredes douradas” externas ou internas do nosso possível universo local. […] O Concorde foi uma maravilha aerodinâmica, tecnológica. Não há qualquer intenção de o fazer voar.» Os dados estão aí. A viagem HUMANA, diferente, continua. Seja ela capaz de integrar todas as formas (humildes) de conhecimento ao serviço da sua própria dignidade. No reconhecimento dos limites estará, também, a ponte de aprendizagem dialogal.
.
AC [25.10.2007]
Sem comentários:
Enviar um comentário