Putin, ano 2007!
1. Na eleição simbólica de todos os anos, que vale o que vale mas que fica para a história, a revista Americana Time elegeu o presidente russo, Vladimir Putin, ficando à frente do Nobel da Paz ambiental, Al Gore, e da escritora das aventuras de Harry Potter, J. K. Rowling. Não se pense que, logo à partida, tal eleição represente o mérito das obras valorosas ao serviço da comunidade. Desde 1927 que a revista elege uma personalidade e nem sempre pelos melhores motivos; na lista “menor” dos eleitos estão, por exemplo, Hitler ou Estaline. Assim, o critério, mais que o mérito do bem realizado, sublinha a influência da acção sobre a comunidade, pois pela revista na eleição trata-se de "um reconhecimento do mundo como ele é e dos indivíduos e forças que determinam esse mundo – para melhor ou para pior".
2. Nos últimos tempos muito se tem falado da falta de liberdade de expressão na Rússia, da crise social que permanece, de situações de repressão e mesmo de liquidações pessoais dos denunciadores da autoridade exacerbada de Putin. O certo é que, mesmo no meio deste cenário, e essa é a causa da eleição, o presidente russo devolver o “poder” ao poder russo e, apesar de tudo, a estabilidade que os seus concidadãos pretendiam, recolocando a Rússia no mapa das grandes potências mundiais. Se dos comentários políticos americanos as palavras são poucas, também da Rússia um certo “silêncio” estratégico sobre esta eleição será a “satisfação” por recolocar no cenário internacional a Rússia como incontornável actor político (e económico).
3. E agora, o que se segue? A visão energética do gás muito colaborou para este recentramento russo. Politicamente, o “princípio da incerteza” será capitalizado por Putin e, na base desta autêntica rampa de lançamento, servirá a estratégia do poder de uma Rússia que tem sede de protagonismo. Por agora está acertada a táctica anunciada de Putin deixar o governo no próximo ano, mas indicou a perspectiva de se tornar primeiro-ministro se seu aliado mais próximo, Dmitry Medvedev, for eleito para sucedê-lo na Presidência russa. Vamos a ver!... A certeza é uma, a história da Rússia, dos Czares, daquele lado do mundo, simbolicamente, está de volta à cena mundial. Boa notícia? Depende. Putin ganhou agora argumentos de peso (autoridade) para “engordar” no poder com o que isso implica o puxar de todos os cordelinhos da auto-estima de um povo “decaído” nas últimas décadas. Pelo perfil da história russa, pode ser perigoso.
4. Uma certeza está garantida, nada será como dantes, pois a afirmação russa será isso mesmo, afirmação, crescimento, imposição, autoridade internacional. Em tudo há que contar com o contrapeso russo. Esperamos que sempre para o melhor!
.
Alexandre Cruz [20.12.2007]
Sem comentários:
Enviar um comentário