Uma mesa comum: «E os alunos?»
1. O que temos verificado no panorama da educação suscita muitas reflexões por este país fora, umas silenciadas outras expressas. Educação, área estruturante e delicada, trabalhada esforçadamente nas últimas décadas por gerações de líderes, professores e famílias, estudantes e entidades. Muitas propostas ou indicativos estimulantes que hoje se consideram pertinentes já são pensados há muitos anos por quem foi abrindo caminhos de uma educação inclusiva e participada pela sociedade a quem, afinal, se destinam os educadores. Da outra face da moeda, muitos défices e limites do “sistema” têm merecido os reparos denunciadores de um consenso na razoabilidade que tarda em chegar. Sem alarmismos, mas sem superficialidades, estas últimas semanas têm sido más demais para ser verdade. Quase um beco sem saída; radicalizaram-se as posições em sector tão fundamental (e alimentador) de uma desejada vida social tolerante, compreensível e comprometida com o essencial da tarefa educativa: os estudantes.
2. Numa simples opinião, talvez ao ponto onde chegámos seja necessária mesmo uma “terceira via”: uma “mesa” onde se recentre o essencial e onde não se sentem as inflexibilidades dos dois lados, mas sim os dois ângulos da questão. Venha e cultive-se uma mentalidade sócio-educativa (o “trunfo” dos países desenvolvidos) onde não adianta nada (1º) nem demitir ministros da Educação, (2º) mas onde estes nas políticas que representam saibam construir uma via comum. As inflexibilidades e intolerâncias não conduzem por nenhum caminho, a não ser o pior. A fronteira é ténue, ou já foi mesmo ultrapassada. Quanto mais as versões político-partidárias avançam com as bandeiras dos gritos e das demissões ministeriais (seja de que lado for), mais difícil se tornará a comunidade escolar, a sala de aula, o recreio, o envolvimento dos pais, das autarquias. Para descer basta um instante, para subir a qualidade são necessários anos. Também aqui a noção de reformas que temos carece de uma sustentabilidade que inclua, à priori, a globalidade das expressões.
3. Reformas (como as revoluções) à força, não só no “momento seguinte”, mas, como vemos, “durante”, resulta no panorama caótico impensável. As noitadas dos professores nas ruas do país têm sido estonteantes, no que se diz e no cansaço que gera para ao fim de horas ‘dar aulas’; a “revisão” (natural em processos democráticos) do processo de avaliação de professores tarda demasiadamente, como se fosse algo supra-dogmático. Queremos buscar razões para a “confiança”, mas, pelo “tesouro” da educação que (não) vemos, só abundam cogumelos desagregadores. Talvez tenhamos de começar do princípio e criar um slogam no ser profundo de cada cidadão: precisamos de nos sentar a uma mesa comum e reflectir sobre «E os alunos?». Não sabendo para onde vamos, sabemos que será pelo que temos visto. Claro, é preciso grandeza de Humanidade para reconhecer que aqui ou ali todos falhámos e queremos melhorar, sem que isso tenha de significar o “atirar pedras” demissionárias. Para quando esta grandeza humana? Conseguiremos mudar esta matriz infeliz da nossa história? Até quando?!
1. O que temos verificado no panorama da educação suscita muitas reflexões por este país fora, umas silenciadas outras expressas. Educação, área estruturante e delicada, trabalhada esforçadamente nas últimas décadas por gerações de líderes, professores e famílias, estudantes e entidades. Muitas propostas ou indicativos estimulantes que hoje se consideram pertinentes já são pensados há muitos anos por quem foi abrindo caminhos de uma educação inclusiva e participada pela sociedade a quem, afinal, se destinam os educadores. Da outra face da moeda, muitos défices e limites do “sistema” têm merecido os reparos denunciadores de um consenso na razoabilidade que tarda em chegar. Sem alarmismos, mas sem superficialidades, estas últimas semanas têm sido más demais para ser verdade. Quase um beco sem saída; radicalizaram-se as posições em sector tão fundamental (e alimentador) de uma desejada vida social tolerante, compreensível e comprometida com o essencial da tarefa educativa: os estudantes.
2. Numa simples opinião, talvez ao ponto onde chegámos seja necessária mesmo uma “terceira via”: uma “mesa” onde se recentre o essencial e onde não se sentem as inflexibilidades dos dois lados, mas sim os dois ângulos da questão. Venha e cultive-se uma mentalidade sócio-educativa (o “trunfo” dos países desenvolvidos) onde não adianta nada (1º) nem demitir ministros da Educação, (2º) mas onde estes nas políticas que representam saibam construir uma via comum. As inflexibilidades e intolerâncias não conduzem por nenhum caminho, a não ser o pior. A fronteira é ténue, ou já foi mesmo ultrapassada. Quanto mais as versões político-partidárias avançam com as bandeiras dos gritos e das demissões ministeriais (seja de que lado for), mais difícil se tornará a comunidade escolar, a sala de aula, o recreio, o envolvimento dos pais, das autarquias. Para descer basta um instante, para subir a qualidade são necessários anos. Também aqui a noção de reformas que temos carece de uma sustentabilidade que inclua, à priori, a globalidade das expressões.
3. Reformas (como as revoluções) à força, não só no “momento seguinte”, mas, como vemos, “durante”, resulta no panorama caótico impensável. As noitadas dos professores nas ruas do país têm sido estonteantes, no que se diz e no cansaço que gera para ao fim de horas ‘dar aulas’; a “revisão” (natural em processos democráticos) do processo de avaliação de professores tarda demasiadamente, como se fosse algo supra-dogmático. Queremos buscar razões para a “confiança”, mas, pelo “tesouro” da educação que (não) vemos, só abundam cogumelos desagregadores. Talvez tenhamos de começar do princípio e criar um slogam no ser profundo de cada cidadão: precisamos de nos sentar a uma mesa comum e reflectir sobre «E os alunos?». Não sabendo para onde vamos, sabemos que será pelo que temos visto. Claro, é preciso grandeza de Humanidade para reconhecer que aqui ou ali todos falhámos e queremos melhorar, sem que isso tenha de significar o “atirar pedras” demissionárias. Para quando esta grandeza humana? Conseguiremos mudar esta matriz infeliz da nossa história? Até quando?!
Alexandre Cruz [06.03.2008]
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